De uns tempos pra cá tenho observado muito a relação das pessoas com a comida. Um dia desses deparei com um post no facebook que tinha a foto de um pão, e os comentários diziam algo como “só de olhar para este pão, minha boca enche d’água, tem mais de um mês que eu não posso nem chegar perto” ou ainda “maledeto carbo” e por último, “eu como o pão de manhã e mais nada o resto do dia, mas não deixo de comê-lo!”. Por outro lado, em outra ocasião escutei “claro que esta bolacha faz bem à saúde, não tem gosto de nada!” e “é bem ruinzinha, mas eu como porque tem praticamente nada de calorias“. E por último, as pessoas chegam no consultório e dizem “o meu problema é que eu gosto de comer“.
Minha gente, não é nada disso!! Gostar de comer não é problema… é solução!
Comer é mesmo um prazer e eu acho muita ingenuidade por parte de qualquer pessoa pensar que alguém vai comer apenas para se nutrir – ninguém come nutrientes, nós comemos comida! E só nos nutrir, sem prazer, é um cenário muito hipotético e pouco provável de ser mantido a longo prazo.
Por que um alimento ou produto saudável pre-ci-sa ser desagradável? Ou ainda, porque um alimento prazeroso é logo taxado como não saudável? Será que não dá para unir as duas coisas?
Comer com prazer é importante, e na verdade, minha opinião é que é muita incoerência não uní-las! Alimentar-nos é um dos únicos (se não O único) ato que repetimos diariamente, do dia que nascemos até o dia que morremos. E se este ato não for prazeroso… Houston, we have a problem.
Todos os malefícios e benefícios dos alimentos precisam de um contexto e estilo de vida que os potencialize. Uma única refeição saudável não faz uma pessoa mais saudável, da mesma forma que um único _______ (complete a lacuna com algo que você considera não saudável) não faz uma pessoa menos saudável.
Eu não acredito que aquela pessoa do facebook não vai nunca mais comer um pãozinho, simplesmente pelo fato de sabermos que isto não é verdade! Será que não seria um processo menos doloroso para ela se ficasse claro que o pãozinho pode e deve sim estar presente em sua alimentação, mas de forma balanceada e dividindo o espaço com outros tantos alimentos saudáveis que temos?
Eu luto para que as pessoas entendam que não existe alimento bom e ruim, ou que engorda ou emagrece. Se a nossa relação com os alimentos for saudável, sem demonizá-los ou supervalorizá-los, a chance da alimentação ser saudável e duradoura, é muito maior!
Se um dos grandes prazeres da vida é comer, porque insistimos tanto em fazer com que não seja?
Gostei muito do texto!
Obrigada, Thayna! 🙂