O assunto de hoje veio de um pedido no instagram (@nutrirbem.thais): prós e contras dietas restritivas. Bom, quem me conhece e me acompanha aqui sabe que eu sou do time que não conta calorias, não acredita no “nunca mais vou comer”, e considera lados emocionais, sociais e comportamentais da alimentação. Ou seja, não acredita em radicalismos e terrorismo nutricional, por tanto, não concorda com dietas restritivas. Mas esse é um assunto que sempre vem à tona no consultório ou entre amigos, então eu acho importante falar sobre e esclarecer estes pontos sempre que necessário.
Restrição e compulsão
Dietas restritivas são aquelas que excluem totalmente algum tipo de alimento ou grupo alimentar, normalmente em prol a perda de peso, preferencialmente rápida. Já vi dietas que excluem todas as formas de carboidratos (massas, pães, raízes, cereais, frutas e até alguns legumes), já vi outras que excluem todos os tipos de farinha (de trigo branca ou integral, de milho, tapioca…), já vi também a exclusão de frutas e sucos naturais, e já vi outras que excluem todos os produtos de origem animal (carnes, ovos, lácteos), para a perda de peso… Mas no fim, minha conclusão é sempre a mesma: nenhuma exclusão é pra sempre, e no retorno do alimento excluído, as pessoas (claro) acabam se perdendo. Tem uma frase do livro “O Peso das Dietas”, da Sophie Deram que eu gosto muito que diz
Ou seja, qualquer restrição ou proibição alimentar severa está sujeita a se tornar uma crise compulsiva em cima daquele ou outro alimento. E então, voltamos ao início: o alimento ou grupo alimentar volta a fazer parte da rotina alimentar da pessoa, provavelmente em quantidades e/ou frequências maiores do que tinha antes, talvez associada a reganho do peso perdido e certamente com sentimento de culpa. Na prática, é bem isso que se vê. Eu falei bastante sobre este mecanismo no post que fiz sobre o livro da Sophie, aqui (Post: O Peaquiso das Dietas).
Comer sem culpa
O que funciona é saber lidar com todos e cada um dos grupos alimentares, inclusive nossas exceções: pizza, doces, bebidas alcoólicas… É preciso considerá-los na nossa rotina e hábito alimentar, mesmo quando em busca da perda de peso. Desta forma, consideramos os aspectos sociais, emocionais e comportamentais da alimentação, sabendo equilibrar tudo: quantidades, qualidades, mas também escolhas e restrições. Nossa alimentação não é só nutriente, é comportamento e emoção também.
E por isso, alimentação saudável também é comer o macarrão no domingo em família, tomar uma cerveja com os amigos, e comer pipoca no cinema. Considerando que tudo faz parte da rotina (e deve continuar fazendo), conseguimos fazer escolhas mais certeiras e reais dentro daquilo que gostamos mais, e assim podemos aproveitar estes momento sem culpa!
Por fim
Eu sempre acho que radicalismos e restrições no geral têm prazo de validade e acabam impactando de forma muito severa no nosso comportamento alimentar. Ao fim da restrição alimentar, continuamos com o mesmo problema de não saber como lidar com aquele alimento/grupo alimentar que foi restrito, e não tendo uma boa relação com ele – às vezes, até pior do que antes da restrição. Por tanto, seguimos no caminho do meio que pode até ser mais longo, mas é mais agradável, mas sustentável e com um final mais feliz!