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Bebês

4 considerações importantes para antes de começar a introdução alimentar

By BebêsNo Comments

A introdução alimentar é um marco no desenvolvimento do bebê, assim como aprender a andar e falar. É importante que pais, cuidadores e bebês estejam preparados e bem orientados para passar por este momento de desafios e descobertas de uma forma positiva e leve. Por isso, listei 3 considerações que avalio como muito importantes para que a família avalie antes de começar a introdução alimentar:

1. Estar pronto para começar a comer

A introdução alimentar deve acontecer perto dos 6 meses, ou quando o bebê se mostrar pronto. Isso quer dizer que o bebê dá sinais motores de que fisiologicamente já está pronto para receber um alimento diferente do leite materno ou fórmula que ele conhece até agora.

O bebê pronto para comer senta-se sozinho e sem apoio, mostrando tronco firme e boa coordenação de cabeça e pescoço. Observa as pessoas comendo e tenta imitar a mastigação. Vai em busca da comida e ao alcançá-la, consegue pegar e levar à boca. Tem reflexo de protrusão (aquele que joga a colher e os alimentos para fora da boca) mais ameno, e aceita melhor objetos (colher) e alimentos na boca. Começa a lidar melhor com texturas diferentes de líquidos na boca.

Sinais que o bebê dá quando está pronto para começar a comer

Se estes sinais estão presentes, é muitíssimo provável que seu trato gastro intestinal e produção de enzimas também já estejam prontos e maduros para receber outros alimentos além do leite.

De modo geral, tudo isso acontece ao redor de seis meses – o que pode significar 5 meses e meio para uns, 6 meses e meio para outros. O importante é estar atento aos sinais que o seu bebê dá que já está pronto para dividir as refeições com a família.

Se a introdução alimentar começa antes do bebê estar de fato pronto, é muito provável que a aceitação dos alimentos seja bem baixa. Isso porque, a tolerância dele com objetos e sólidos na boca será baixa, o movimento da língua irá jogar os alimentos para fora da boca, e dificilmente o bebê se sustentará sentado (mesmo que com apoio) por muito tempo em uma cadeira de alimentação. Além disso, começar a comer antes de estar pronto pode estar relacionado à seletividade alimentar no futuro, pois a fisiologia do bebê não estava madura o suficiente para lidar com os alimentos.

2. Clima do momento de refeição

Estando o bebê pronto para comer, é bem importante que o momento da refeição seja tranquilo e agradável. O bebê estará entendendo tudo como uma grande novidade, e aquilo que é posto à sua frente (o alimento) como um brinquedo novo. Por isso, é importante que os pais estejam tranquilos e deixem que o bebê interaja com a comida. E é igualmente importante que o bebê não esteja muito cansado, com sono ou morrendo de fome. Bebês irritados não brincam, e o momento de introdução alimentar, de início, é uma grande brincadeira.

Brincar com a comida aproxima as crianças dos alimentos, o que facilita seu consumo posterior. Além disso, o bebê ainda não sabe que aquele “brinquedo novo” também serve para matar a fome. Por isso, é natural que de início a criança não ingira grandes quantidades. E também por isso, é importante que os pais saibam que até o final dos 12 meses, o principal alimento do bebê é o leite materno ou fórmula. A introdução alimentar é um momento de apresentação dos alimentos, e não há obrigação em comer.

3. A quantidade, é o bebê que sabe

Os bebês têm muito claro para si que quando estão saciados param de comer. Eles fazem assim quando estão em aleitamento materno ou fórmula: se estão saciados, simplesmente param de mamar. Por isso, na introdução alimentar, devemos continuar respeitando este sinal tão puro e valioso. Não precisa insistir para que o bebê coma “mais uma colherada”. Não precisa colocar um desenho para o bebê se distrair e raspar o prato. Se o bebê parou de comer, é porque já está suficiente.  É importante que a confiança no bebê seja um dos pilares da introdução alimentar.

4. Refeições em família e da família

Por último, mas não menos importante, o bebê precisa ter modelos de alimentação desde sempre. Mesmo que ele ainda não coma, é legal deixá-lo à mesa observando os adultos comerem, já é seu primeiro aprendizado. E quando começar a comer, é recomendado que as refeições sejam realizadas (sempre que possível) em família.

Comer em família permite que as crianças tenham (além de modelo de alimentação) relacionamento saudável com a comida e com o momento de refeição. Tem até estudos que mostram que crianças que comem em família têm melhor controle de peso no futuro, melhor desempenho escolar e menos chances de se envolver com drogas!

Outro ponto, é que é importante que o cardápio seja o mesmo para todos, com as adaptações necessárias. Eu sempre acho que cozinhar a comida do bebê E a comida da família não é sustentável no longo prazo. No fim, alguém (normalmente os pais) sempre acaba comendo mal. Por isso eu insisto em cuidar do cardápio de todo mundo junto. E muitas vezes acontece que a criança gosta de comer junto com os pais, até no mesmo prato. Se o menu é o mesmo, não tem problema!

E essencialmente por isso, os pais devem se alimentar tal como gostariam que seu filho se alimentasse. Isso se refere a todas as esferas: sentados à mesa, sem distrações, em um clima agradável e com companhia, e principalmente com um prato de refeição saudável e variado.

Comida de bebê: como congelar

By BebêsNo Comments

Nesta semana fiz 2 posts no instagram (@nutrirbem.thais) que geraram muitas dúvidas entre as mães. Por isso, resolvi compilar todas as informações que passei por lá, via mensagens, vídeos e comentários, em um único texto aqui no blog.

Lembrando que as informações passadas por aqui não substituem as orientações de introdução alimentar e manipulação de alimentos, que devem ser individualizadas.

como armazenar a comidinha do bebê

Os alimentos que serão oferecidos para os bebês deverão ser sempre guardados em recipientes limpos, em local seco e fresco e tampados. É importante que estejam sempre cobertos ou tampados para evitar a contaminação por poeira, insetos e bactérias.

Também é importante manter os alimentos prontos em refrigeração pois a temperatura ambiente facilita a proliferação bacteriana.

Recomenda-se evitar o uso de recipientes de plástico para o armazenamento de comida. Os plásticos, de uma forma geral, contém BPA, que é um contaminante ambiental hoje amplamente relacionado à alterações metabólicas e fisiológicas, e portanto, maior risco e/ou aparecimento de doenças. Sugiro sempre dar preferência para os recipientes de vidro, porcelana, cerâmica ou polipropileno. Se precisar ser de plástico, sugiro buscar pelo selo de BPA Free, para garantir a ausência do contaminante.

formas de preparo para congelar

Idealmente, os alimentos devem ser servidos logo após o preparo, pois assim, garante-se melhor biodisponibilidade das vitaminas e minerais. Mas sabemos que no dia a dia nem sempre é possível cozinhar perto da hora das refeições, por isso, se for necessário, é também possível congelar os alimentos já preparados. Uma dica boa que eu aprendi com a Rita Lobo, é sempre congelar os alimentos tem tempero, e deixar para temperá-los apenas na hora de servir. Esta técnica deixa tudo com aparência, sabor e cheiro de comidinha feita na hora!

congelar alimentos crus:

É possível congelar os alimentos ainda crus, e para isso, é necessário higienizar e picar tudo antes de congelar. Os alimentos serão cozidos apenas na hora do preparo, depois de descongelados

congelar alimentos pré cozidos:

Higienize, pique e cozinhe os alimentos como o habitual, mas interrompa a cocção antes de estarem totalmente cozidos. É recomendado fazer o processo de branqueamento (descrito logo abaixo) neste momento, para preservar mais os nutrientes. Quando descongelar, finalize o cozimento e tempere.

congelar alimentos cozidos:

HIgienize e cozinhe os alimentos como o habitual. Ao final do cozimento, faça também a técnica de branqueamento. Quando descongelar, está pronto para ser aquecido e temperado.

Branqueamento:

É uma técnica de conservação de alimentos que tem por objetivo interromper o cozimento dos alimentos de uma forma rápida, para maior manutenção do valor nutricional. O branqueamento também preserva a textura dos alimentos após descongelarem.

Os alimentos deverão ser imersos em água fervente e quando cozidos (ou al dente, no caso do congelamento dos alimentos pré cozidos), devem ser imersos em água gelada.

Este processo pode ser feito com carnes, verduras, legumes e frutas que serão congeladas.

formas de congelamento

Você pode congelar os alimentos em pedaços grandes, pedaços pequenos ou amassados separadamente. Tudo depende da forma como seu bebê irá comer e como você irá apresentar a refeição.

Lembre-se de sempre identificar os alimentos congelados e colocar a data de preparo. Os alimentos congelados duram em média de 2 a 3 meses.

forma de gelo:

Formas de gelo BPA free e com tampa são ótimas para congelar comidinha de bebê. Neste formato, você pode congelar os alimentos picados em cubinhos, ou amassados.

congelar papinha

Neste exemplo, há diversos grupos alimentares em uma mesma forma de gelo, compondo uma refeição completa para o bebê.

Você pode colocar vários grupos alimentares em uma mesma forma de gelo, e também pode setorizar várias formas de gelo de acordo com seu conteúdo: uma forma só para carnes; uma forma só para leguminosas; uma forma só para legumes…. E assim, terá várias opções de composição para a comidinha do bebê.

potinho com a refeição completa:

Em um mesmo potinho, você pode colocar em camadas todos os grupos alimentares que irão compor o prato do bebê. Estando em camadas, fica fácil separar os grupos alimentares no prato quando for descongelado.

congelamento papinha

Exemplo de congelamento de comida de bebê em potinhos, com os alimentos em camadas.

Neste modelo, os alimentos podem ser congelados em cubos pequenos ou pedaços grandes.

em pedaços grandes:

Mais uma opção de congelamento é cozinhar os alimentos em pedaços grandes ou inteiros, e congelar em seguida. Neste formato, os alimentos também poderão ser consumidos pelos demais integrantes da família

descongelamento e aquecimento

A melhor opção para descongelar é sempre em geladeira, por pelo menos 6h. Não se recomenda descongelar em temperatura ambiente ou banho maria por conta da facilidade da proliferação bacteriana. Também não recomendo o uso de microondas para bebês, principalmente por não descongelar/aquecer o alimento de forma homogênea.

Depois de descongeladas, a comidinha deve ser consumida em até 24h e não deve retornar ao freezer.

Para aquecer, as melhores opções são banho maria ou em panela no fogão.

A polêmica dos sucos para bebês

By Bebês, Nutrição materno infantilNo Comments

Até pouco tempo atrás, o marco de início da introdução alimentar, era a inserção dos sucos para bebês de 4 ou 6 meses, (sucos normalmente de laranja lima), no intervalo da manhã. Era essa a orientação geral, pois os sucos são boas fontes de vitamina e podem complementar a hidratação do bebê. Além disso, a introdução do suco costumava ser vista como uma boa maneira de incluir outro líquido além do leite na rotina alimentar do bebê.

suco bebe

Imagem da internet

No entanto, em junho de 2017, a Academia Americana de Pediatria (AAP) fez uma publicação mudando suas diretrizes, e agora orienta que sucos não devem ser oferecidos antes dos 12 meses do bebê. Isso porque os sucos – mesmo quando naturais, e sem açúcares adicionados – concentram doses de frutose (açúcares naturais da fruta) e poucas fibras. A ausência de fibras faz com que a frutose seja absorvida muito rapidamente, o que pode atrapalhar o metabolismo do bebê e, a longo prazo, deixá-lo mais suscetível ao ganho de peso excessivo e diabetes. Além disso, a falta de fibras retarda a sensação de saciedade, e pode induzir o bebê a tomar volumes de suco acima do que ele realmente precisa e isso colabora também para o ganho desnecessário de peso.

Outro ponto é que um copo de suco geralmente concentra mais do que uma porção de fruta: um copo de suco de maçã é feito com 3 a 4 maçãs, por exemplo. Ou seja, o bebê consome muitas frutas de uma única vez, quando na verdade ele não precisa de tudo isso.

E não é só isso. Quando os bebês estão com a barriguinha cheia de suco eles, muitas vezes, mamam menos leite do que o habitual. Esta troca definitivamente não é interessante para a nutrição geral do bebê, pois o leite materno (ou fórmula) deve continuar a ser o principal alimento dos bebês durante o primeiro ano de vida.

São pontos relevantes, principalmente considerando que os últimos estudos mostram que metade do consumo de frutas das crianças de 2 a 18 anos é proveniente de sucos e que, portanto, essas crianças estão carentes no fornecimento de fibras.

Considerando tudo isso, a recomendação da Academia Americana de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é de oferecer sucos apenas a crianças maiores de um ano. Ainda assim, a Academia sugere manter as recomendações de 2 a 3 porções de frutas por dia, e se for oferecer na forma de suco, considerar os volumes diários máximos:

Meu posicionamento:

Na minha prática clínica, falo muito para os pais o quanto a introdução alimentar é um momento de apresentar ao bebê todos os alimentos para que ele possa construir seu hábito alimentar, preferências de paladar, e principalmente, conhecer a diversidade de sabores, texturas e preparações. Não acho que os sucos naturais são a pior coisa do mundo, mas ainda concordo com o posicionamento da SBP e AAP, e acredito que o momento de introduzir os sucos para os bebês é depois dos 12 meses.

Além disso, gosto de lembrar que os sucos não são a única forma de consumir frutas, são apenas mais uma textura possível delas, que podem ser também raspadas, amassadas, cozidas, picadas, assadas, congeladas. E que a introdução alimentar também é o momento de criar o hábito de tomar água!

Então, de forma geral, se for introduzir sucos para seu bebê, é importante:

  • não oferecer só sucos, e oferecer as frutas em outros formatos;
  • cuidar do volume de consumo diário dos sucos – válido para crianças de qualquer idade!

E é claro que tudo isso não deve abolir os sucos da rotina! Sendo sucos naturais, bem posicionados, dentro de uma rotina alimentar saudável, em volume controlado, um suco geladinho não faz mal à ninguém!

Assinatura Thais C. LaraNutricionista

Introdução alimentar: 4 dúvidas comuns

By Bebês, Nutrição materno infantilNo Comments

Na semana passada falei um pouco no insta stories (@nutrirbem.thais) sobre introdução alimentar, respondendo à algumas dúvidas e angústias que algumas mães tinham me enviado. Fiz uma série de vídeos explicativos, mas como no stories os vídeos somem depois de 24h, compilei aqui algumas respostas que muitas mamães buscam:

Qual é o melhor método de introdução alimentar: BLW, papinhas, misto?

O melhor método de introdução alimentar é aquele que melhor funciona para sua família. É importante ter um acompanhamento profissional atualizado que possa sanar todas as dúvidas e orientar a família para que escolham juntos a melhor metodologia. O melhor método é aquele no qual os pais e cuidadores confiam, abraçam os benefícios e sentem-se bem sabendo que estão fazendo o melhor que podem pelo bebê. Neste post eu falei mais sobre os métodos de introdução alimentar.

Meu filho engasga e/ou tem ânsia quando coloca o alimento/papinha na boca

A primeira coisa é lembrar que até a introdução alimentar (IA) o bebê só conhece a textura líquida do leite que toma, então é natural e esperado que eles estranhem a textura de papinha ou dos alimentos na boca. É uma adaptação e uma nova descoberta, com o tempo eles ficam mais confortáveis com isso.

A segunda coisa é conseguirmos diferenciar engasgos/ânsia com o Gag Reflex, ou reflexo Gag. Este é um reflexo protetor que aparece quando um alimento (ou objeto) estava em vias de ser engolido, mas o bebê percebe que o pedaço estava maior do que o esperado, e precisa ser mastigado mais um pouquinho antes de engolir. O Gag é a forma que o bebê tem de trazer este alimento de volta à frente da boca. Nestes casos, os bebês fazem caretinhas similares a estas:

O gag não é motivo de preocupação. Por mais que pareça desconfortável para nós, os bebês não se incomodam, e quando conseguem trazer o alimento de volta à frente da boca, continuam comendo normalmente. O gag está muito ativo em bebês pequenos, e próximo aos 6 meses o reflexo é induzido no meio da língua. Na medida em que os bebês aprendem a dominar os alimentos na boca, e se habituam às texturas diferentes do leite, o reflexo vai diminuindo. Em adultos, o gag só é induzido no final da língua, perto da garganta.

Os engasgos oficialmente acontecem quando a passagem de ar pela garganta está bloqueada por algum sólido ou líquido. O primeiro reflexo do engasgo é a tosse, que normalmente funciona bem para desobstruir a passagem de ar. Se a obstrução da garganta for tanta que o bebê não consegue tossir, então sim ele vai precisar de ajuda para deslocar o pedaço de comida da garganta, e nestes casos são usadas técnicas de primeiros socorros.

Para evitar engasgos as medidas mais efetivas são:

  • Enquanto está comendo, o bebê precisa estar em posição ereta, sem estar recostado ou caindo para os lados
  • Se o bebê estiver sendo alimentado por alguém, observar as quantidades colocadas na boca do bebê
  • Adequar a consistência das papinhas; evitar que esteja muito liquida (batida, por exemplo). Líquidos são mais propícios a provocar engasgos do que sólidos, por isso o recomendado é sempre apenas amassar com um garfo

Meu filho chora muito e fica irritado quando vai comer

Neste ponto é importante lembrar que a fase de introdução alimentar serve para o bebê conhecer os alimentos e aprender a se alimentar. Até os 12 meses, o leite que o bebê toma continua sendo o principal alimento, e eles demoram para entender que comida também serve para matar a fome. Então, considere oferecer a refeição para o bebê em momentos que ele não esteja morrendo de fome. Muitas vezes, é mais proveitoso dar de mamar antes da hora da refeição que será oferecida, pois isto previne que o bebê fique impaciente e irritado. O mesmo serve para quando o bebê estiver muito cansado. A hora da refeição é um momento de descoberta para os bebês, e se eles não estiverem dispostos, não será muito bem aproveitada.

Resultado de imagem para bebê comendo

 

Envolver o bebê e dar autonomia na hora da sua refeição também pode ser interessante. Muitas vezes eles se incomodam pois têm curiosidade de colocar a mão e explorar aquilo que estão lhe oferecendo. Como adulto, imagine que alguém que vai te alimentar e aparece com uma tigela e te dá o conteúdo na boca, sem deixar que você veja o que tem dentro. O bebê também tem curiosidade de ver o que tem no prato, e tem curiosidade de conhecer o que está sendo oferecido. A forma dos bebês conhecerem o mundo é com as mãos. Então deixá-los colocar as mãos nos alimentos, deixá-los pegar na colher, é permitir que eles participem do processo da alimentação e é dar a autonomia que muitos deles tanto gostam.

Meu filho come pouco

Quando um bebê está sendo amamentado, ele regula sozinho o quanto deve mamar para saciar a fome que sente. Assim que se sente saciado, pára de mamar. Quando começamos a introdução alimentar, nós adultos nos sentimos ansiosos para ver o bebê comer o prato inteiro de comida que preparamos. No entanto, o bebê continua regulando muito bem sua fome e saciedade; e da mesma forma, assim que sentir-se saciado, vai parar de comer. Então é importante lembrar que o leite continua sendo o principal alimento do bebê até os 12 meses, que o bebê não tem ainda maturidade para fazer greve de fome, e que ele come/mama o suficiente para se sentir satisfeito. Confie no seu bebê, ele sabe muito bem o quanto precisa comer.

carlos gonzales

Espero ter ajudado um pouquinho com as tantas dúvidas que chegaram até mim. Não se esqueçam nunca que a introdução alimentar é uma grande oportunidade de ensinar não só a alimentação saudável, mas também o prazer em comer bem, e a boa relação com os alimentos. Sempre busque orientação de um profissional atualizado que possa acompanhar individualmente nesta fase.

Assinatura Thais C. LaraNutricionista

 

O que a alimentação pode fazer pelo seu filho: introdução alimentar

By Bebês, Nutrição materno infantilNo Comments

Continuando a série “o que a alimentação pode fazer pelo seu filho”, o terceiro post é sobre a introdução alimentar. Passada a gestação (veja aqui o post sobre esta fase) e o momento de amamentação exclusiva (veja aqui o post), chegou a hora do seu bebê começar a conhecer o mundo dos alimentos.

mundo dos alimentos

Nesta momento, já não é mais exatamente sua alimentação influenciando a vida do seu filho, e sim, quais alimentos ele vai conhecer, a forma que ele vai conhecê-los e como vai construir, com sua ajuda, seu comportamento e relação com a comida e com as refeições. Observe que não é só uma questão de qualidade e quantidade, mas também o tipo de experiência é importante aqui.  Eu costumo dizer que esta é a terceira grande chance (a última, de alto impacto!) que os pais têm em realmente mudar a vida e preferências alimentares de seu filho, para o resto da vida, pela alimentação.

Então veja aqui quais são os pontos importantes e decisivos nos quais você precisará pensar para começar, da melhor forma possível, a apresentação dos alimentos para seu filho:

Programming metabólico

nutrientes no dna

Nesta fase ainda é possível acontecer a programação metabólica, que já falei um pouco nos posts anteriores, mas trata-se de programar o metabolismo e funcionamento do organismo como um todo pela presença ou ausência de micro e macronutrientes. Por isso, existem alguns alimentos que não devem ser apresentados antes da criança completar 12 ou 24 meses, como por exemplo açucares e doces, leite de vaca e derivados, e alimentos industrializados no geral. E, da mesma forma, há alguns alimentos que, quando apresentados no momento correto, podem prevenir intolerâncias ou alergias alimentares, como é o caso do peixes, ovos, e alimentos com glúten. Então, a introdução alimentar é mais uma etapa de investimento na alimentação do seu filho, para torná-lo o mais saudável possível, com boa gama de aceitação de paladar, a curto, médio, longo e longuíssimo prazo.

Quando começar a introdução alimentar

O programming metabólico é também muito impactante em relação ao momento ideal para começar a introdução alimentar. Existe a recomendação da Organização Mundial da Saúde e atualmente também a Sociedade Brasileira de Pediatria, em manter o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade – e isto já impacta de forma positiva na programação do metabolismo. Se por algum motivo o bebê estiver em uso de fórmulas infantis (e não leite materno), a recomendação é a mesma: nada, além do leite, deve ser oferecido para o bebê antes dos seis meses completos. introdução dos alimentos - papinha 1Estas recomendações coincidem com os estudos que mostram que os bebês apresentam prontidão, maturidade fisiológica e interesse pelos alimentos perto dos 6 meses de vida. Ou seja, antes disso, o bebê é ainda muito imaturo para receber outro alimento, além do leite. E já existem evidências suficientes que mostram que a introdução alimentar precoce aumenta em até 6x a chance de sobrepeso ou obesidade na criança, até os 3 anos de idade. Enfim, um ponto importante a ser considerado, será que o bebê já está pronto?

Hábito alimentar e paladar

introdução dos alimentos - papinha 2

O hábito alimentar das crianças é formado a partir de qualidade, quantidade, harmonia, adequação e prazer, então é essencial visar todos estes tópicos quando na introdução dos alimentos na vida do seu filho, para guiá-lo ao hábito alimentar saudável. Além disso, preferências alimentares de sabor são aprendidas por meio de experiências com o alimento, em diferentes momentos, texturas e formas de apresentação. Isto significa que as preferências alimentares têm pouca influência genética, e estão mais suscetível ao ambiente, cultura, e conhecimento sob o alimento. Então, você não gostar de um certo alimento, não significa que seu filho também não ira gostar. O hábito e as preferências alimentares são formados e moldados durante a infância, dando à introdução dos alimentos uma grande responsabilidade também neste aspecto.

Apresentação, textura e quantidade

introdução dos alimentos - blw

BLW – Baby Lead Weanning, ou o “desmame guiado pelo bebê”

Desde bem cedo é importante pensar na forma de apresentação dos alimentos para seu filho, cuidar do equilibrio nutricional, e ensiná-lo a reconhecer e respeitar os sinais de fome e saciedade. A forma de apresentação dos alimentos será guiada pela metodologia de introdução alimentar escolhida: no método tradicional, em papinhas, é importante oferecer os alimentos amassados (não batidos!) de forma separada para deixar que o bebê conheça e experimente o sabor de cada alimento. No método BLW, os alimentos são ofertados em pedaços, e no geral a criança tem mais liberdade para explorá-los e conhecê-los bem. Há famílias que mesclam os dois métodos, e podem ter os bônus (e ônus também, rs) de cada um dos métodos. O importante é que os alimentos sejam ofertados de forma chamativa, preparados com técnicas culinárias corretas para a preservação de nutrientes, sabor, textura e aroma.

Assim, a atenção à textura dos alimentos é também importante: garantir que a criança tenha contato com várias formas de preparo de todos os grupos alimentares, facilita com que ela aceite bem a refeição da família quando completar 12 meses. Por isso, quando a introdução alimentar é feita com papinhas, é essencial evoluir a consistência gradativamente, até chegar aos sólidos; e quando em BLW, lembrar de apresentar também consistências tipo purê, para que não seja algo estranho para a criança no futuro.

Em termos de quantidade de comida, quem manda é o bebê! O reconhecimento à  saciedade é um reflexo inato (e muito respeitado quando a criança está em aleitamento materno), mas é algo que facilmente influenciamos de forma negativa quando o bebê começa a comer. É importante respeitar o sinal de saciedade do bebê (e também das crianças mais velhas), sem que seja necessário “raspar o prato”.

carlos gonzales

Enfim…

Uma boa introdução alimentar, bem planejada e embasada, e acima de tudo, com suporte e acompanhamento profissional atualizado, pode ser a grande chance para garantir ao seu filho uma alimentação saudável desde sempre, sem sofrimentos. Já pensou?

 

Assinatura Thais C. LaraNutricionista

O que sua alimentação pode fazer pelo seu filho: amamentação

By Bebês, Nutrição materno infantil2 Comments

Dando continuidade à série sobre a interferência da alimentação da mãe na vida de seus filhos a médio, longo e longuíssimo prazo, hoje o post é sobre um dos temas que eu mais gosto: amamentação!

Eu considero o ato de amamentar um dos maiores e mais lindos atos de amor. O leite materno é o alimento mais perfeito, vivo e dinâmico que existe, e é especialmente desenhado para cada bebê. Mas embora muito hoje se fale sobre a amamentação, eu vejo que na hora H, as mães se enchem de dúvidas e inseguranças, e muitas vezes, sentem falta de apoio de familiares e profissionais. E este é outro ponto, para uma amamentação de sucesso, tudo o que a mãe precisa, além de vontade de amamentar, é  informação de qualidade e apoio.

amament

A amamentação traz inúmeros benefícios para mãe e bebê, mas o tema deste post é “como a alimentação da mãe pode influenciar de forma positiva na vida do bebê, via amamentação”. Então (me segurando para não fugir do tema), listei alguns pontos que considero cruciais neste assunto:

Qualidade de gorduras no leite materno

A alimentação da mãe não é capaz de mudar a quantidade de gordura do seu leite, mas é capaz de mudar a qualidade desta gordura. Por exemplo, mães que têm alto consumo de gordura na sua alimentação, não produzem leite com mais gordura. Mas as mães que têm alto consumo de gordura trans, têm leite ricos neste tipo de gordura também. A gordura trans é uma gordura sintética, usada pelas indústrias de alimento para dar mais sabor e durabilidade para os alimentos. Mas a gordura trans provoca efeitos negativos na saúde humana, como aumento de colesterol e riscos de doenças cardiovasculares.

Por outro lado, mães que têm maiores consumos de gorduras do tipo ômega 3, também produzem leite com maior teor destas gorduras. O ômega 3 é uma gordura insaturada, benéfica especialmente para a formação do sistema nervoso central dos bebês, desde a gestação, e por tanto é bastante interessante tê-la na composição do leite materno. Então, fica a dica, cuidar do tipo de gordura que se ingere durante a amamentação, é essencial!

Formação de paladar

amamentaçãoUm dos grandes benefícios da amamentação é poder influenciar de forma positiva na formação do paladar e escolhas alimentares futuras do bebê. A amamentação é, na verdade, a segunda chance que a mãe tem para isso (a primeira é a gestação – veja aqui, e a última é na introdução de alimentos – aguarde próximos posts). A variedade da alimentação da mãe influencia na variedade de composição de sabores do leite materno, de modo que um bebê amamentado é exposto a muitas nuances de sabor. Tem mães que relatam até que o cheiro do leite reflete o que comeram. Assim, bebês amamentados têm mais chances de aceitar melhor sabores variados e diferentes quando começar a conhecer outros alimentos, além do leite materno. Mais um motivo para a mãe continuar se alimentando de forma saudável e variada durante o período de amamentação.

Fome e saciedade

amament_2Este é um benefício da amamentação indireto da alimentação da mãe, mas que influencia bastante na vida futura da criança: um bebê que mama no peito pode controlar e regular a quantidade de leite que toma a cada mamada; é um bebê que conhece melhor e reconhece seus sinais de fome e saciedade. Preservar estes sinais é muito importante pois ter esta clareza é uma das grandes estratégias para a prevenção de sobrepeso e obesidade ao longo da vida.

Além destes, a amamentação traz inúmeros outros benefícios para mãe e bebê Fica cada vez mais claro como a amamentação é uma etapa importante no desenvolvimento global da criança, e especialmente, em caráter de comportamento alimentar. As mães que têm vontade de amamentar devem procurar ajuda e apoio para conseguirem vencer todas as barreiras que são impostas pelo ambiente, pois sabemos que o resultado final da amamentação é muito mais do que positivo, e absolutamente duradouro!

Assinatura Thais C. LaraNutricionista