Uma das grandes preocupações que a grande maioria das gestantes tem é ter certeza que está consumindo todas as vitaminas e minerais que ela e o bebê precisam. Principalmente quando elas já sabem de todos os benefícios que podem promover através da programação metabólica (veja mais sobre isso aqui). A suplementação adequada é uma das minhas preocupações também. Considero muito importante que os suplementos que a grávida toma estejam em sintonia com suas necessidades, mas principalmente com seu consumo alimentar. Por isso, vou falar sobre alguns (dos vários) suplementos e nutrientes que considero muito importantes para a gestação.
Polivitamínico
São muitas as opções do mercado e vejo que as vezes as escolhas são feitas de acordo com algumas observações médicas. Alguns escolhem o suplemento x porque tem mais ferro; outros escolhem o suplemento y porque tem ômega 3.

A verdade é que O melhor suplemento não existe. Existe o melhor para cada caso. Se a ideia do suplemento é complementar os nutrientes que ela não consome, não fica claro que o polivitamínico deve ser escolhido a cada caso?
Por isso, eu sempre gosto de avaliar com critério a alimentação da gestante em cada fase gestacional para poder adequar a suplementação. Algumas vezes uso suplementos prontos do mercado nacional, outras vezes suplementos importados e outras vezes manipulados.
Acido fólico
É o primeiro que as mulheres vão atrás quando pensam em engravidar. E é realmente importante. O ácido fólico (vitamina B9) tem um papel importantíssimo no fechamento do tubo neural do bebê que acontece logo nas primeiras semanas de gestação. E a profilaxia mundial é suplementar todas as mulheres ao menos 3 meses antes da gestação e ao longo do 1º trimestre.
O ponto aqui é que às vezes só a vitamina B9 não é suficiente. As vitaminas do complexo B têm metabolismo inter-relacionado, o que significa que a carência de uma pode interferir no funcionamento da outra. Por isso, mais uma vez, é preciso conhecer os estoques das vitaminas da mulher (por meio de exames de sangue) e a alimentação para saber se a suplementação do ácido fólico isolado é ou não o melhor caminho.
Além disso, o ácido fólico também é importante ao longo do 2o e 3o trimestre, pois pode proteger a gestante de riscos de pré-eclâmpsia e anemia. Para o bebê, é importante por auxiliar no crescimento e desenvolvimento. Mas é essencial que a dose seja ajustada desde a pré concepção, pois doses exageradas de ácido fólico pode aumentar os riscos de asma e alergias respiratórias nos bebês.
Colina

Colina é um nutriente muito importante durante a gestação pois atua no desenvolvimento do bebê e especificamente no fígado e na placenta. Mas talvez a maior atuação da colina seja na formação e amadurecimento do cérebro, e na formação da bainha de mielina dos neurônios. Por isso, a colina em quantidades suficientes durante o período da gestação reflete em bebes com boa memória, cognição e aprendizado no médio, longo e longuíssimo prazo. Os principais alimentos fonte de colina são ovos, feijão, cereais integrais e leite integral.
E sabe qual dos polivitamínicos para gestantes contém colina? Nenhum! Por isso, além da suplementação adequada, é importante estar atenta ao valor nutricional da alimentação.
Ômega 3
Ômega 3 é outro nutriente que faz a diferença para mãe e bebê ao longo da gestação.
Para a mãe, por ser uma gordura altamente antioxidante e anti-inflamatória, o ômega 3 pode ser um grande aliado na prevenção de pré eclampsia e parto prematuro, e fortalecer o sistema imune.

Para o bebê, especialmente o composto DHA do ômega 3, em conjunto com a colina, atua na formação e maturação do cérebro e formação da bainha de mielina dos neurônios. Ter ômega 3 na formação do cérebro pode resultar maior QI e capacidade cognitiva na vida futura do bebê. Um estudo recente mostrou que a boa concentração de DHA na mãe durante a gravidez estava relacionado com a habilidade de resolver problemas dos bebês já aos 12 meses! Não é incrível? E também não são todos os polivitamínicos que contém DHA.
Por isso, é interessante avaliar a alimentação da mãe, e sempre que possível incluir alimentos como salmão, sardinha, castanhas, abacate, sementes de chia. E é também importante conversar com o nutricionista que acompanha sobre a possibilidade de suplementação.
Probióticos
A microbiota (população de bactérias que habita na pele e mucosas do corpo humano) de uma gestante tem influência direta na vida e saúde do seu bebê, pois ela atua diretamente na programação metabólica. Na minha prática clínica, em algum momento, todas as gestantes vão tomar probióticos, pois traz benefícios para mãe e bebê.
Para a mãe, os probióticos podem melhorar o funcionamento de todo o trato gastro intestinal, então melhora o processo digestivo, a absorção de vitaminas e minerais, e melhor ao funcionamento intestinal. Os probióticos também fortalecem o sistema imune e ajudam na prevenção de infecções de repetição, comuns na gestação.

Para o bebê, os probióticos participam da formação do microbioma saudável e equilibrado, que começa já na vida intrauterina. Assim, o sistema imune do bebê também fica mais fortalecido, o que pode ser importante na prevenção de alergias, mesmo a longo prazo. O bebê também se beneficia com a prevenção de cólicas, pois o uso de probióticos pela mãe durante a gestação (e também amamentação) ajuda a amadurecer o trato gastro intestinal.
Mas o uso de probióticos deve ser individualizado e recomendado por um profissional de saúde capacitado.
Entendeu porque não há A melhor suplementação para gestantes? Cada caso é um caso! E lembrando que estes são só alguns dos nutrientes que precisam ser avaliados e individualizados 😉












Eu, na minha inexperiência, acredito que ela deve estar certa. E acredito ainda que esta fase de nascimento da nova mãe, começa logo ao primeiro dia de gestação. Sim, porque logo neste primeiro dia, o corpo dela já está trabalhando de forma diferente para gerar um bebê, mesmo que a mulher ainda não saiba disso. E da minha experiência de atendimento às gestantes, o que eu posso dizer é que não importa por quantas gestações a mulher já passou, cada uma é diferente da anterior, e cada mãe que nasce com cada criança, é também diferente.
Muitos estudos mostram que carências nutricionais da gestante podem acarretar em problemas de saúde e predisposição de doenças no bebê até sua vida adulta. E da mesma forma, excessos de açúcar e gordura, por exemplo, podem ativar no bebe, ainda antes de seu nascimento, genes que o propiciem à doenças como obesidade e diabetes, durante sua infância e/ou vida adulta. Então não se trata de um mero acompanhamento de peso durante a gestação, e sim um aconselhamento nutricional para garantir a saúde e bem estar da mãe e bebe, pelos 9 primeiro meses de vida dos dois juntos.
Evitar alimentos industrializados, em especial as bebidas adoçadas e refrigerantes, é indispensável. As recomendações da Organização Mundial da Saúde priorizam que gestantes não usem adoçantes ou produtos que contenham adoçantes em sua formulação – por tanto, é também prudente evitar os alimentos diet, light, zero, ou que contenham edulcorantes entre seus ingredientes. Mas em alguns casos, pode ser necessário usá-los, então logo nas primeiras consultas do pré-natal converse com seu médico a respeito destes produtos. É também importante evitar carnes e peixes crus e/ou malpassadas, ovos com a gema mole e verduras e legumes mal lavados – todos estes alimentos são muito passíveis de contaminações. Alimentos muito ricos em gorduras e calorias como frituras e doces no geral devem ser consumidos com muita moderação, pois podem atrapalhar o processo digestivo da gestante, além de acarretar no ganho de peso excessivo quando consumidos sem parcimônia.

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